Ter em atenção o seguinte...

Ok, este é uma daquelas que são verdadeiramente importantes e em que muitas vezes quem entra assim de repente no jogo não pensa. Imagine-se que se quer uma figura género luchador para usar. O típico high flyer mexicano. Porque não usar um gajo simplesmente mexicano? Pois, porque os mexicanos falam espanhol, e isso é por si um elemento limitador da personagem.

Imaginem uma personagem que é um hooligan inglês, em rivalidade com outra que é um tuga do campo. Um simplório transmontano qualquer. Como é que estes dois iriam interagir um com o outro? Imagine-se que o hooligan grava uma mensagem para o tuga, que é transmitida pela tv ou rádio o que for. O que irá um tipo inculto como o nosso agricultor transmontano responder? Algo como ‘é pá, com (censurado), não percebi uma porra do que disseste. Mas vou dar cabo de ti de qualquer forma, filha-da-(censurado) de inglês!’. Como podem ver é uma limitação enorme, e pior seria ainda se fosse um daqueles momentos antes do combate, em que os dois se cruzam no corredor. Não podiam fazer pouco mais que ficar a olhar um para o outro.

Mas atenção, isto não quer dizer que não podem ter um luchador, como já se viu com as personagens antes, é possível fazer adaptações. Então porque não um ex-ginasta português que sempre teve um gosto pelo wrestling mexicano e quer dar um rumo novo ao seu percurso? É crível.
Se quiserem basear-se numa figura de outra cultura, digamos por exemplo o semi-deus grego que é o Hércules, até dava um gostinho extra a personagem ser grega, mas porque não algo simples para explicar o facto dele falar português? Pai e mãe portugueses.

Tentem que a vossa personagem fale português, facilita a vida a tudo e todos, pensem bem nesse pormenor, em eventuais razões para um estrangeiro saber falar a nossa língua.

Fugindo um pouco á questão das personagens propriamente ditas, vamos agora falar das vossas atitudes enquanto participantes no geral. Obviamente que a maior parcela do que acontecerá nos shows será directamente graças ao que fazem nas promos, com as vossas personagens. Contudo nem só isso conta, a vossa participação directa na federação no show também contribuirá, quer seja comentando promos, shows, cards, storylines, iniciativas, o que for.

Crítica construtiva é o que mais se quer, apontem as falhas, tentem encontrar eventuais soluções ou forma de progredir, sejam úteis para os outros elementos, prommers (wrestlers), writers (os que escrevem os combates e outras partes do show), ou bookers (os que pensam os acontecimentos da federação, e tomam as decisões).

Assim, se estiverem numa rivalidade bastante renhida com alguém, mas forem daquele género de utilizador que apenas faz as suas promos e mais nada, ou apenas comenta quando é para protestar quando a personagem fica a perder, e do outro está um user que tenta ajudar os outros e a federação não estranhem a derrota. É normal, e justa.

Os comentários são importantes nisto. Transmitem um ambiente de vivacidade que vai puxando uns pelos outros. Users que não estão inscritos podem ficar com vontade de o fazer vendo a participação existente. Prommers, writers e bookers ficam motivados por ver que o seu tempo gasto vale a pena, tendo mais vontade de continuar e mostrar serviço, que isto não é tempo perdido, que dá gozo e que há quem apoie, ajude, que há reacção do outro lado ao que fazem. Críticas ajudam a melhorar a qualidade, procurando o processo…

Por isso, força, comentem. Mal não vos fará.

Não sei se todos os que participam – e ainda os que virão a participar – alguma vez viram Wrestling. Mas certamente que já viram filmes, desenhos-animados ou o que for em que grande parte da coisa vive do tipo bonzinho que tem que tramar os planos do mauzão. Aqui é a mesma coisa, o objectivo é a vitória, títulos, o que for, e ‘bons’ e ‘maus competem por esse objectivo. Cada um á sua maneira.

O ponto importante aqui é simples, a forma de agir de cada personagem tem que coincidir com o papel que desempenha. O público alvo tem que ter razões para torcer pelo tipo bom, e odiar o mau, querendo que os planos destes caiam por terra. Para isso, é óbvio que, por exemplo, o tipo mau não vá ser alguém com um discurso humilde e sincero sobre a paz no mundo, e os problemas nos países subdesenvolvidos. Mas sim, um verdadeiro filho da mãe egoísta e presunçoso, que a mostrar preocupação por algo ou alguém será porque há, certamente, algum ganho próprio por trás.

Isto não quer dizer que eventualmente sendo um face não se possa ter um discurso arrogantezeco, tem que é que haver razões para isso, digamos um reinado com a duração dum ano, completamente previsível uma tirada do género ‘se me ganhares, se alguém me conseguir ganhar, que eu duvido’. E também um gajo heel pode ter a sua bondade, imagine-se que tem um parceiro antigo qualquer a que muito deve pela carreira, uma demonstração de lealdade não seria de estranhar.

Agora não façam é as coisas ás três pancadas. Se se definem como um heel, não comecem com acções de solidariedade sem nenhum plano por trás, se forem faces não agridam fãs do nada. É uma questão de credibilidade.

Caso não se queiram ser limitados pela questão bem-mal, sejam tweeners ou turners - mesmo termo para a mesma coisa – que sempre dá para oferecer uma outra credibilidade á personagem, um antagonista, um anti-herói, um gajo normal do dia-a-dia que não tem que ser nem herói ou vilão, nem o quer ser. Um tweener pode também ser uma personagem que muda facilmente de face para heel, e vice-versa. Mas também aqui tenham cuidado com a questão da credibilidade. A personagem não pode mudar do dia para a noite sem razão. Tem que haver algo, algum acontecimento, que provoque essa alteração na atitude da personagem.

Personagens secundárias ou de apoio são – como o próprio nome indica – as personagens que eventualmente poderão criar e que terão alguma ligação ao vosso personagem. Pode ser o velho treinador, a mulher ou namorada do lutador, ou até o próprio cão, pouco interessa.

A questão aqui acaba por ser novamente a da credibilidade. Uma personagem de apoio não é uma personagem que aparece numa promo, e pronto, desaparece. É uma personagem que tem um papel mais importante e permanente na história da vossa char principal, que faz parte do seu ambiente.

Em termos de personalidade e atitudes o pensamento é o mesmo que com a personagem principal, façam algo coerente, se apresentam a personagem como sendo uma coisa, não lhe metam a ter uma atitude completamente distinta no dia seguinte sem razão, a coerência é crucial.

Depois não façam com que a personagem principal dependa demasiado de uma personagem secundária, pois se é certo que a vossa personagem principal está imune aos ‘game overs’, as de apoio não terão tal protecção. Se têm um cão nada vos garante que um adversário vosso vos tente tramar, atropelando-o. Se têm um manager que vos acompanha ao ringue, que vos ajuda a vencer os combates, e que até chega a falar por vocês – imaginem que a personagem principal é um monstro calado – não podem confiar sempre que um dia destes não aconteça que esse manager seja despedido.

Ou seja, nunca se tornem dependentes das vossas personagens de apoio. Por alguma razão as personagens principais são principais. Pensem pelo menos numa saída, num plano b, caso percam uma personagem secundária.

Outra coisa, se querem que a vossa personagem secundária ganhe uma outra dimensão, que chegue a acompanhar-vos na federação, digamos uma namorada ex-lutadora que vos leve até aos ringues, e fará para atrapalhar o vosso adversário, o melhor é enviar também uma ficha dessa personagem ao booker onde se especifica a forma como essa personagem secundária deverá actuar quando a vossa está em ringue.

É diferente ter alguém que tente prejudicar o adversário, de ter um gato de estimação que fica por casa.